Eu não sei exatamente quando essa história começou, mas tentando recordar lembrei-me do dia em que minha mãe foi buscar meu irmão e eu na escola, e assim, sem motivo algum, ela me deu o cd da Sandy & Junior. Era apenas um dia qualquer.
A minha reação foi de surpresa, já que eu não esperava ganhar um presente, muito menos o cd da Sandy, porque a única coisa que eu enxergava era a Sandy e um medo enorme daquilo em minhas mãos. Não que eu tenha algum problema com ela, eu apenas não me identificava com aquele perfil de garota, delicada, de voz suave e que parecia uma boneca. Eu era mais para descabelada e briguenta. Gostava mais de futebol do que de bonecas, corria enlouquecida, não gostava de perder nunca. Não lembrava a Sandy, muito menos depois da educação física. Hoje eu sei que, naquele momento, eu sofria de ausência de referências femininas.
Anos depois, a música tornou-se minha melhor amiga, fiquei obcecada em descobrir novos artistas, novas bandas. Até o dia em que eu conheci a Janis Joplin. Eu fiquei chocada…ela tinha uma capacidade incrível de deixar a todos de boca aberta. Ela tinha uma atitude genuína, era como ela que eu queria ser. Ela passou a fazer parte do meu coração.
Depois dela, outras vieram. Todas por um motivo especial. A Billie Holiday foi a primeira a mostrar como a vida pode ser difícil. A Edith Piaf ensinou-me que viver é importante acima de tudo. A Nina Simone, todos os dias, ajuda-me a ser forte e a lutar por meus ideais.
A Frida Kahlo mostrou-me a importância de ser fiel aos meus princípios. A Alberta Hunter tornou os meus dias cinzas, mais coloridos. A Fiona Apple ajudou-me entender que viver é sentir, e a Patti Smith provou-me que podemos viver um amor para sempre. Com a Pagu aprendi a enxergar o poder revolucionário das ideias e com a Hilda Hilst aprendi que o amor é uma eterna busca por nós mesmos.
Aprendi que a vida não é um mero passar de tempo, aprendi que é preciso ter coragem para viver, aprendi que é preciso ser!
Nenhum comentário:
Postar um comentário